Geografia da Terra Santa e das terras bíblicas - Enéas Tognini
Introdução -
Era um desejo antigo meu reunir num só volume Geografia da Terra
Santa, lançado em 1978, e Geografia das terras bíblicas, de 1980. Depois
de tanto tempo, finalmente o sonho se tornou realidade graças ao
empenho e ao profissionalismo da Editora Hagnos.
Muita coisa mudou desde 1978. Assim, esta nova edição reflete essas
mudanças no cenário mundial. Não se trata apenas da junção de dois
livros. O conteúdo foi totalmente revisado e atualizado em muitos
aspectos, sobretudo os dados estatísticos e informativos. Há também
muitas fotografias e ilustrações novas que serão de auxílio ao estudante
das Escrituras. A bibliografia também foi ampliada com novas obras
sobre o assunto, incluindo sites da Internet. Durante vinte anos ou mais,
lecionei Geografia e Arqueologia Bíblica em seminários. Possuo uma
vasta bibliografia dessas especialidades. Em nossa última viagem ao
Oriente Médio, compramos mais de vinte volumes das mais variadas
obras sobre Israel e outros países da Bíblia. Confesso que não me foi
possível usar todo o material de que disponho na feitura deste trabalho.
Assim, incentivo o leitor a consultar a bibliografia a fim de ampliar seus
conhecimentos.
Na primeira parte, “Geografia da Terra Santa”, faremos um passeio
pelo mundo bíblico, conheceremos as nações cananeias, os povos
vizinhos de Israel, e saberemos um pouco mais sobre as doze tribos
israelitas. Vamos também nos familiarizar com a geografia física, a
hidrografia, as estradas e os caminhos e o clima da Palestina. Tomaremos
conhecimento da orografia de Israel, além de suas planícies, seus desertos
e vales. Igualmente enriquecedor será nos ocupar do estudo da geografia
econômica de Israel, de seus usos e costumes e de suas cidades,
sobretudo a celebrada e amada Jerusalém, a cidade para a qual a atenção
do mundo inteiro se voltou “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4) com o
advento do Filho de Deus.
Na segunda parte, “Geografia das terras bíblicas”, conheceremos a
Mesopotâmia e outras regiões circunvizinhas. Além da geografia,
estudaremos também a história, os costumes e a religião dos povos
mesopotâmicos. Examinaremos com especial atenção o berço natal de
Abraão, e veremos que o grande patriarca não era um beduíno, um
nômade qualquer, mas filho da mais avançada civilização da época. Deus
o chamou para nele começar um povo, uma nação, uma lei, uma
revelação e também a igreja, por meio de Jesus, nosso Senhor.
Também examinaremos os grandes impérios do passado que estiverem
envolvidos diretamente com a história do povo de Deus: Egito, Assíria,
Babilônia, Média, Pérsia, Grécia e Roma. Será um mergulho fascinante
no mundo bíblico. Não menos importante será o capítulo “O cristianismo
no Ocidente”, no qual refletiremos sobre a importância do
desenvolvimento geográfico de diversas regiões dominadas pelo Império
Romano para a expansão da fé cristã. Visitaremos cidades importantes
mencionadas na Bíblia, como Damasco, Tarso, Alexandria, Antioquia da
Síria, Corinto, além das sete cidades das igrejas às quais o Apocalipse de
João foi inicialmente remetido: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia e Laodiceia.
Além de tanta informação relevante, o leitor também encontrará três
apêndices igualmente valiosos: “O dilúvio e a arca de Noé à luz da
Bíblia, da geologia e da arqueologia”, “As viagens de Paulo” e “Regiões
de lugares no mundo bíblico”.
Em Israel em abril, Érico Veríssimo queixou-se da grafia de nomes
próprios dados a pessoas e lugares em Israel. Não tive tal preocupação.
Procurei conservar, à medida do possível, a nomenclatura da Almeida
Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil.
Em suma, veremos uma série de coisas que nos ajudarão em nossa
leitura e em nosso estudo das Escrituras Sagradas.
O fato de eu ter visitado três vezes a Terra Santa torna este livro muito
especial. Sempre agradeço ao Senhor todo-poderoso por essa graça a mim
concedida. Permita-me relatar um pouco essa viagem entusiasmante. A
primeira peregrinação durou sete dias; as duas últimas, dez dias cada
uma. Foi uma jornada empolgante.
Fomos do vale de Hula ao Golã, até o monte Hermom, à Baixa e à
Alta Galileia. Cruzamos o mar da Galileia muitas vezes; na última, fomos
batidos por furiosa tempestade. Visitamos as ruínas de Cafarnaum,
subimos o Monte das Bem-aventuranças, escalamos o Tabor, andamos
pelo Esdrelom, subimos o Carmelo, visitamos Acre, Haifa e fomos a
Rosh Hanikra, na fronteira com o Líbano. Visitamos Naim, Nazaré,
Naharia e Safede na Alta Galileia. Descemos o Sarom, paramos em
Cesareia e fomos até Lode, Tel-Aviv, Jafa, Gaza, Ascalom e Asdode.
Percorremos Jerusalém a pé muitas vezes, cantos e recantos. Fomos a
En-Karen, a terra natal de João Batista, nas montanhas da Judeia.
Chegamos a Belém, a Efrata, onde está o Sepulcro de Raquel. Passamos
pelas Piscinas de Salomão, Tecoa, a terra de Amós; visitamos Manre,
onde esteve o famoso carvalho de Abraão e seu querido poço. Bebemos
água da Fonte de Filipe (lugar do batismo do eunuco) e chegamos a
Hebrom, à Cova de Macpela, onde estão sepultados Sara e Abraão,
Isaque e Rebeca, Jacó e Lia. Alcançamos o Neguebe, onde está localizada
a famosa cidade de Berseba (Beersheva), na qual se encontra o
multimilenar Poço de Abraão.
Pelo centro, visitamos Nobe (1Sm 21.1), Gabaom, lugar da sepultura
de Samuel, Ramá (1Sm 7.17), Emaús (Lc 24.13), Mispa (1Sm 7.16),
Beerote, de cuja fonte bebemos (Js 9.17), Betel (Gn 28), Siló (1Sm 1.3),
Gosna, e chegamos a Lebona (Jz 21.19), onde dançarinas foram raptadas
e dadas aos homens remanescentes de Benjamim. Passamos por Queriote,
a terra natal de Judas. Chegamos a Sicar, até o Poço de Jacó, onde
bebemos água abundantemente. Fomos a Nablus e vimos os quinhentos e
poucos remanescentes samaritanos, com seu pequeno templo e seu
famoso Pentateuco. Passamos por Engenim, onde o Senhor Jesus curou
os dez leprosos. Estivemos no sopé do Gerisim e do Ebal. Aproximamonos do Gilboa. Batizamos no Jordão e percorremos o seu vale de norte a
sul.
Saímos de Jerusalém e fomos a Betânia e Betfagé. Vimos a casa de
Marta e Maria e o sepulcro de Lázaro. Descemos a Jericó. Vimos a
Árvore de Zaqueu, o monte da Tentação, as ruínas das duas Jericós: a
cananeia e a bíblica. Bebemos água da Fonte de Eliseu e visitamos o
famoso Palácio de Hishan. Dirigimo-nos ao mar Morto, passando pela
“Cidade dos Essênios”, o Oásis de Engedi, banhamo-nos no mar Morto e
escalamos, pelo teleférico, a Fortaleza Herodiana de Massada. Descemos
e fomos até o Sinai, no golfo de Ácaba, permanecendo em Eilate, grande
e movimentada cidade levantada por Israel em pleno deserto.
Visitamos o parque animal de Ai-Bhar. Navegamos no barco de fundo
de vidro no golfo de Eilate, vendo o límpido fundo do mar com suas
famosas formações de corais e seus cardumes de coloridos peixes;
descemos ao aquário e, afinal, entramos no deserto na direção sul até
Efijorde, por onde Moisés passou conduzindo Israel para Canaã. Não
houve canto nem recanto em Israel aonde não tivéssemos chegado.
Deus nos concedeu a graça de ir também ao Egito, tendo a
oportunidade de visitar as partes principais desse velho e tradicional país.
Visitamos também a Turquia, além de percorrer a Itália de sul a norte e
uma grande parte da Grécia. Novas pesquisas e novas observações foram
feitas. Tivemos o ensejo de fotografar os lugares históricos e adquirir
material de extrema importância para esta pesquisa. Nosso objetivo
principal foi sempre o de enriquecer este trabalho.
É verdade que o que apresentamos aqui é fruto de muita pesquisa em
livros, mas, em grande parte, pela graça de Deus, foram lugares pisados
por meus pés.
Este livro, eu sei, não é perfeito. Muitos senões serão encontrados.
Peço aos leitores que os relevem. Aceito correções e sugestões. Fizemos
o melhor dentro da nossa limitada capacidade. Entregamos o nosso pouco
nas mãos daquele que pode multiplicar tudo como fez com os pães e
peixes. Receba este livro como minha modesta contribuição aos meus
amados colegas de ministério, aos seminaristas, aos obreiros e aos
cristãos em geral.
Espero que esta obra seja um incentivo ao surgimento de escritores
mais preparados do que eu para escrever trabalhos mais especializados,
profundos e completos. Em contrapartida, meus irmãos em Cristo,
ajudem-me a interpretar com mais exatidão a Palavra de Deus.
Deus seja louvado em tudo! Este é o brado do meu coração ao entregar
este modesto trabalho corrigido e atualizado aos evangélicos do Brasil e,
quem sabe, de outros países lusófonos.
Enéas Tognini
São Paulo, janeiro de 2009
O pastor Enéas Tognini faleceu na manhã do dia 09 de setembro de 2015 (quarta-feira), aos 101 anos de idade, em São Paulo (SP).
Tognini foi o fundador da Igreja Batista do Povo (IBP) e do Seminário Teológico Batista Nacional. Na década de 1960, foi um dos líderes do movimento de avivamento espiritual, que deu origem à Convenção Batista Nacional (CBN), tornando-se presidente desta entidade posteriormente.
Tognini era filho de imigrantes italianos e nasceu em Avaré, interior de São Paulo, no dia 20 de abril de 1914. Formado em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), ele esteve à frente das igrejas Batista do Barro Preto, em Belo Horizonte (MG) e Batista de Perdizes, em São Paulo (SP).
Respeitado no meio evangélico, era influente sobre líderes batistas e de outras denominações, pois sua mensagem sempre veio acompanhada da pregação dos dons espirituais. Conceituado escritor cristão, publicou dezenas de livros e foi reconhecido pela Academia Evangélica de Letras do Brasil. Também atuou como presidente da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), e em 2002, o pastor Tognini foi condecorado com o título de Cidadão Paulistano.
Em idade avançada, o pastor havia sido submetido a uma cirurgia de emergência em março deste ano, para a retirada de um tumor no intestino. Sua recuperação pós-cirúrgica foi considerada boa pela equipe médica, que estava otimista e concedeu alta hospitalar uma semana após o procedimento.
Desde então, Tognini vinha recebendo acompanhamento médico regularmente em sua própria casa. A informação sobre a morte do pastor foi divulgada através de uma nota pelo atual dirigente da IBP, pastor Jonas Neves de Souza.
“Com pesar, comunico o falecimento do colega e amigo amado pastor Enéas Tognini. Pastor, professor, escritor, fundou o Seminário Teológico Batista Nacional (STBN), e a Igreja Batista do Povo. Avivalista, é reconhecido como um dos maiores responsáveis pelo movimento de renovação espiritual da Igreja Evangélica Brasileira e pela criação da Convenção Batista Nacional. A saudade causada pela ausência do nosso pastor Enéas é compensada pela lembrança dos muitos frutos deixados e pela certeza de que nos encontraremos na Glória. Que o Espírito Santo de Deus console os familiares, as ovelhas da IBP e os amigos”, diz a nota.
Enéas Tognini deixa a esposa Élia e suas duas filhas, Dinéa e Edna.
CRÉDITO
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